Retrospectiva dos que não foram
Tenho ido a São Paulo umas três vezes por ano, no mínimo, a trabalho. Este ano, calhou de ter ido apenas no primeiro semestre. Até teria um compromisso profissional por lá em novembro, mas calhou de ser bem no fim de semana do aniversário da minha mãe. E eu fiquei bem pouco com a família neste ano para negligenciar uma data importante, logo agora que ela vai se aproximando dos 90.
No ano em que o segundo semestre me tragou, a Bienal de Artes de São Paulo teve a curadoria de Grada Kilomba, Diane Lima e Hélio Menezes. Além de todos os artistas que eu pretendia conhecer, eu queria muito ter visto a performance e a arte de Aline Motta - com quem, por sorte, estive na Bienal do Livro do Rio. Então, não posso reclamar. Mas estou, neste momento em que escrevo, pensando se não vale a pena comprar uma passagem de ônibus, assistir a uma aula presencial do MASP, do curso que fiz recentemente com a Juliana Guide, pernoitar por lá, visitar o Pavilhão do Ibirapuera na sexta e pegar o busão da madrugada para estar no Rio sábado cedinho.
Poderia dormir na casa da minha comadre Débora Thomé, mas justamente ela me alertou que não é possível fazer tudo. Que a FOMO (Fear of missing out, algo como ter ansiedade por perder alguma atividade, evento, leitura, etc.) está acabando com a gente. Eu teria que me ver com ela, mas isso seria o de menos, claro, pois temos intimidade para tanto.
O problema maior é que no sábado eu tenho um dos últimos compromissos profissionais do ano: fazer o clube de leitura de encerramento sobre a obra de Elena Ferrante na Janela Livraria. Eu já li e marquei todinho “As margens e o ditado”, poderia preparar os tópicos no ônibus, quem sabe… Também no sábado, eu comprei ingressos para ver a adaptação de Tempestade, com Julia Lemmertz, no Teatro Poeira. Eu, que amo tanto teatro, fui tão pouco neste segundo semestre. Talvez nem tenha ido, pois, se a FOMO nos impele a ver tudo quanto podemos, também embaralha as coisas na nossa cabeça. Ah, sim, lembrei que não consegui ver “O avesso da pele”, a adaptação teatral que esteve no Rio…
Na segunda, eu tenho prova do curso de italiano, que iniciei em março, graças ao trabalho com o clube de leitura do Instituto Italiano de Cultura. Preciso estudar. Quero ver também uns três filmes italianos que estão grátis no streaming (até sábado, ora ora) e tenho dois eventos no domingo.
É, não vai dar para ir à Bienal. Com todos os eventos de dezembro, com sorte eu leio mais uns dois livrinhos (ou livrões). Na minha lista:
A fazenda africana, da dinamarquesa Karen Blixen, para o último encontro do #elenaferranteindica, da Aline Aimée;
A terra dá, a terra quer, do Nego Bispo, que nos deixou precocemente, agora em dezembro;
O segundo volume de O segundo sexo (tenho que correr para ver os vídeos das aulas e acompanhar a turma da Juliana Diniz);
O terceiro volume dos diários de Virginia. Quer dizer, preciso terminar o segundo volume antes, para acompanhar a turma Woolfianes, meu grupo querido de leituras da Virginia Woolf.
Pronto, vou parar por aqui porque a lista do que não vi é grande e do que não li também. Creio que esses últimos desejos já estão nela. Devem ficar para 2024…
Opa, peraí: o primeiro texto aqui no Substack não ficou para o ano que vem. Saiu!